Em desconfortos da cidade vibrante
E o meu aguçado senso de investigação
Julgou-te mal
Percebeu-te erroneamente
As tuas feições me pareceram calmas e inexpressivas
Sem as fortes opiniões necessárias à ignorância construtiva
Uma mulher pouca em tudo, insuficiente
Mas na verdade o teu mistério se maquia em pequenez
Qualidade e características não dos miúdos, mas dos gigantes
As feições que parecem calmas,
Revelam as guerras das tuas contradições
O copo que cobre quase todo o teu rosto
Não é por vergonha
Mas por puro convencionalismo
És mutante
Mutante flexível às imaginações, às pessoas
Às condições, as proporções, aos sonhos
Te apequenas e te agigantas de acordo com a tua vontade
E isso é muito,
Porque os grandes são poucos
E os poucos são muitos
Mas possuis a magia e brutalidade de ambos
És mais que atriz,
Vives a arte do filme da tua vida
No drama e comédia dos teus olhos
No suspense e terror das tuas mãos amigas
No conforto e fantasia do teu abraço calmante
No documentário das tuas palavras mansas
Na ficção das historias contadas pela tua boca
Na infantilidade dos teus pensamentos
Que são ora recém-nascidos e ora matusaléns
E na independência cinematográfica dos teus atos
Não és nem um pouco poética
Talvez por isso tenha demorado tanto para escrever-te
És sim, artística
Pois teus jeitos e posições são rabiscados, esboçados,
pintados e expostos
És a galeria da minha alegria
Um ser escondido atrás de telas
E protegido pelos meus versos
Que te guardam e te absorvem pra mim
Queria eu ser pedaço teu
Para o poder viver a guerra com tanta calma
Sim, és a equivalência de forças na curva dramática do filme
da vida
Meu orgulho e meu juiz
Nenhum homem tem mais sorte que o poeta que te escreve
Pois qualquer um pode te ter de acordo com a tua vontade
Mas eu te possuirei sempre dentro de mim
Guardada e com o teu sono sincero velado
Ainda que contra a tua vontade
Com a tua mansuetude abriste a porta do cinema
E deixaste a arte sair da sala e invadir a vida.
-Paulinho Tamer
13/11/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário