sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Poesia para Ricardo

Meu grande amigo

Te vejo envolto nas mais profundas inspirações

Coroado da maior boa vontade

Em alcançar-te em poesia

Em compor-te em versos


Mais do que isso

Vejo-te em pleno esforço

De permitir aos outros que a alcancem também


Ricardo,

És um amigo admirável

Digno destinatário dos mais belos versos de um poeta pouco capaz

Não te acanhes ou baixes tua cabeça

Diante das formas inescrupulosas e medíocres

Que a vida ou a poesia possam querer te impor


Poesia, meu amigo,

É a ciência da liberdade

Aquilo que por observação e experimentação

Pode ser provado que nada precisa de provas

Que nada precisa de observações

Que tudo

Que o tudo

Só precisa de sensorialismo

Sem forma

Sem quê

Nem porquê


Traço minhas letras em teu destino

Para que alcancem o teu íntimo

E revelem-te o que quero te dizer


Não existe melhor nem pior poeta

Existem apenas homens encarcerados no medo

E outros livres

Mas livres para dar à sua vida

A mesma forma que dão à sua poesia

A forma do vento

Forma nenhuma

Apenas uma brisa sutil de verdade e liberdade.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pensar com os corações suspirantes

Lógica emocional alem da conta

Oceano de razões

Poço fundo de modéstia

Reprimenda interna

Sensibilidade extrema

Medo do nada

Compulsão por viver o absoluto

Horizontes desvirginados

Emoções maculadas

Orgulhos em sangue

Metade de mim em ti

Metade de ti ao meu lado

Metade da gente fora de alcance

Perturbação das ondas funestas da razão poluente

Contemplação das muralhas emocionais do amor construtivo

Alicerces de edificação

Alcançar o intocável

Agarrar a imaginação

E finalmente

Nascer livre.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

19 de dezembro de 2010

Palpando o asfalto da minha possibilidade

Invado teu sexo com todo vigor

Tentando flertar com tua carne impossível

Revelando o meu prazer


A luz que te toma

Na cama do que sinto

Perturba o padrão das coisas mortas

Que insistem em respirar em mim


Razão longínqua do meu eu

Te procura no vácuo marrom dos corações que perdem o ritmo

Que se exaltam perante teus olhos de revolta.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

tempo teu

Beber da tua fonte duvidosa

Como se o acaso fosse certo

Desconstituindo o exato

Desobstruindo a passagem do obvio

É mancomunar com a tua lição de beleza


Vida passageira e demorada

Gigante e mínima

Que não permite hesitações

Ou contratempos de esperança

Que não dá acesso a expectativas

Que corrobora apenas para o acontecimento do agora


Quanto tempo leva o tempo pra passar ao teu lado?

Quanto tempo passas pra ver o tempo passar?

O tempo passa sem nem te olhar

Sem dar-te a maldição do perecimento


És eterna

Pelo menos em meus olhos

Que te sondam a todo instante

Perdendo a noção de que o tempo

Infelizmente vai me ver passar

Me açoitando a inspiração

Da úmida espera por tuas delicadas letras

Que me dirigem toda a fonte do absurdo

Toda a comunhão dos conceitos insensatos


O amadurecimento dos versos

Propagados em papeis perecíveis

Não exalam da perpetuidade dos teus olhos

Triunfando o escuro do meu quarto


É por isso, coisa minha

Que o oco das emoções

Só pode existir ao teu lado

Quando tudo perde o sentido

Para dar sentido a tudo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Proeza

Eu quero hoje escrever-te

Porque teus olhos mais uma vez retumbaram minha inspiração

A tua lenta e calma voz

Fazendo cessar todo o intranqüilo

E todo o excesso do inútil

Hoje, eu parei pra pensar

E quando menos vi

Me roubaste os pensamentos

Me invadiste a penumbra dos dias sem luz

E irradiaste toda a proeza do teu sorriso alvo

Rescindindo toda a ingratidão natural do ar

Que não permite que o mundo respire o que já foi teu

Na verdade,

O fascínio dos olhos que te espreitam

É a mais clara evidencia

Da torpeza que transmites

Organizando paralelos tortos

Tua gritante onda de desejo

Inspira versos

Tão cotidianos

E por isso tão exuberantes como tu

As tuas palavras suam saudade

Saudade do que não viste

Transformando todos naquilo que desejas

E fazendo-os desejar avidamente

O ser humano que és.