sábado, 30 de abril de 2011

Tudo meu; Tudo teu

Contemplo-te na essencia da saliva

No salgado da lágrima

Sentindo no meu deguste

O sabor da tua tristeza

Não te iludas

Que qualquer distância separe nossos corpos

Ou que qualquer espaço afaste minha lembrança

Eu permaneço contigo

Mesmo na ausência do tocar

Mesmo na falta no olhar

Meu âmago

Sofre pela tua falta

Meus sonhos choram o teu sofrer

E na perpetuidade do meu querer-te

Hospedo tuas lamúrias

Em fases contundentes de sentir

Na conexão das nossas paixões

Idas e vindas dos corpos

Reformas e formas da minha alma

Sentem a tua doçura

Se despedaçando em ciúmes

E recompensando em perdão.

Tens tristeza como todos

Mas minha tristeza é como de poucos

Sofro porque sofro

Ou sofro porque sofres

São as duas únicas maneiras

De não ter perto de ti

Os sorrisos de amor e compreensão

Que hoje

Que sempre

Terei ao te observar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

8


Ontem marquei meu corpo

Marquei com algo definitivo

Com algo que assombraria os olhos vãos

Os olhos que são só do agora


Eu feri minha pele

Com uma marca mais antiga do que a ferida

Marquei-me com o símbolo da completude

Da interminável razão do pêndulo nosso


Com o ícone das tuas veias pulsantes

Dos teus sinais inebriantes

E de um sorriso que cega


Inspiro-me no teu paradigma de naturalidade

Na tua busca incessante pelo tudo

Entendendo a natureza das coisas

Sem contentar-se com as migalhas


Ah meu bem, a ferida ainda me dói

A cicatriz coça

E a cada martírio da pele

Eu sinto a doçura das tuas mãos em mim


Eu vejo na saudade das bocas

Na degustação das nossas salivas

A esperança inabalável das nossas mentes

E a progressão incessante dos nossos amores


Eu parti pelo ter

Não pelo querer

E na razão contida nos meus olhos

E a paixão irrompida em meu peito

Eu retornarei a algo que desde seu principio é sem retorno


Meu bem eu tive todas as razões para te deixar

Momentaneamente te deixar

Mas tive só uma pra permanecer

E permaneci

Insculpido em teu peito

Marcado em tua pele

Com a mais doce lembrança do que nunca precisa ser lembrado

Daquilo que jamais é esquecido

O infinito pródigo do nosso amor.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Retorno

Tens o que nem sabes
Via teu sorriso em lua
Hoje vejo teus olhos em chuva
O teu rosto me arrancando em felicidade
Agora, com toda simetria da inércia de não sorrir

São tantas vozes me conturbando os ouvidos
O teu atual descaso
Se encerrando em poucas palavras
A nossa distância
Em monossilabas tuas

Acabas por contrabandear
Todo o amor de mim
Talvez não o amor
Mas pelo menos a felicidade sensível

Tramitas entre meus opostos
Ora és minha dor
Ora és minha alegria

Hoje meu amor por ti me trouxe alegria, como sempre
Mas teu amor por mim me trouxe descaso
Me trouxe a dor do abandono
Presenteando a minha calma com inquietude
Dando agonia à minha alma
Enquanto que a alegria me prende a ti
A dor, momentaneamente, desfaz todos os nós

Me soltei de ti por algumas horas
E retornei ao conforto da solidão
Não me desacostumo dela
Pois sei que sempre à ela retornarei
Como um filho
Que arrependido das aventuras que saiu para viver
Retorna à casa.