sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Menina da Garoa

Eu pude te perceber melhor
Olhar as leves ondulações do teu cabelo
Que cai lenta e vergonhosamente

A tua pele carrega algumas marcas
Marcas de um passado poente
De uma tristeza agora latente

Mas teu sorriso jaspeia meus olhos
Os quatro olhos do poeta-palhaço

Sim, teu sorriso causou uma leve dor
Em cada entranha de todos os meus seres
A dor que leva ao percebimento da vida

E quando a tua boca se abre em raio
Todas as coisas permanecem imóveis
Paralisadas pela mordida da tua beleza

E teus olhos explicando algo de surpreendente
Se arregalam na seriedade inebriante do teu semblante
Como ventos partindo tempestades

És mesmo uma tempestade
Uma tempestade de motivos, fatores, causas, consequências, dores e beijos
Uma tempestade de sorrisos, tempestade lunar inexistente
Tempestade das tardes mortas de domingo.

De repente, os mesmos olhos grandes e convincentes
Se retraem na desnecessidade da tua vergonha
Fogem de mim
Escondem-se atrás do reluzir dos teus dentes
Que é causa da contração graciosa e delicada das tuas feições
O Sol que se esconde atrás do Sol.

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