Eu pude te perceber melhor
Olhar as leves ondulações do teu cabelo
Que cai lenta e vergonhosamente
A tua pele carrega algumas marcas
Marcas de um passado poente
De uma tristeza agora latente
Mas teu sorriso jaspeia meus olhos
Os quatro olhos do poeta-palhaço
Sim, teu sorriso causou uma leve dor
Em cada entranha de todos os meus seres
A dor que leva ao percebimento da vida
E quando a tua boca se abre em raio
Todas as coisas permanecem imóveis
Paralisadas pela mordida da tua beleza
E teus olhos explicando algo de surpreendente
Se arregalam na seriedade inebriante do teu semblante
Como ventos partindo tempestades
És mesmo uma tempestade
Uma tempestade de motivos, fatores, causas, consequências,
dores e beijos
Uma tempestade de sorrisos, tempestade lunar inexistente
Tempestade das tardes mortas de domingo.
De repente, os mesmos olhos grandes e convincentes
Se retraem na desnecessidade da tua vergonha
Fogem de mim
Escondem-se atrás do reluzir dos teus dentes
Que é causa da contração graciosa e delicada das tuas feições
O Sol que se esconde atrás do Sol.
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