Quem então
Levantaria do sepulcro das constelações
Uma dúvida acerca dos teus olhos gulosos
Que ingeriram todo o brilho esfumaçante
Das estrelas que jazem mortas e reluzentes?
Pouca inspiração
Não aflige as reais razões do meu escrever
A explosão de idéias que a tua pele me inspira
É tão fascinante quanto um universo que se cria e se dobra
Que se alimenta de si mesmo
E se auto-sustenta
Toda essa forma com que teu sorriso
Estica olhos em alegria
E faz bocas tocarem orelhas
É o que inevitavelmente
Inspira toda a realeza
Dos devaneios poéticos
Essas coisas que te escrevo
Sem falsa modéstia
São pobres
Ínfimas
E inúteis
Quando comparadas com a sutileza com que teus olhos
Disseminam versos no ar.
O teu sorriso reverberando pelas paredes brancas
Ou da cor que queiram tomar
Atordoa os ouvidos mesquinhos
E derrama paixão no ouvido que te quer
És a aventura que livros tentam aumentar
A verdadeira natureza do espontâneo
E a franca mentira dos destinos pacatos
Porque tudo em ti grita
Tudo em ti compõe ambas as partes do todo
Tudo em ti, principalmente, acaricia o medo do fracasso
Antes de devorá-lo
Retumbante quebra de paradigmas
Contraditório comportamento teu
És projétil de absoluto
Mas vejo a dúvida em teus olhos foscos
Sufocando o que deveria ser livre
Dando grilhões ao permitir-se
Ao entregar-se
Ah, coisa linda
Tu és o conceito e a figura do que se conhece por liberdade.
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