Com escalas ininterruptas
Se vai o que ainda não estava
Me deixando e acompanhando
Permitindo e cerceando
O branco da tua roupa
Reluzindo suspenso nas palafitas que te apresentaste.
Entre os cigarros,
As tintas do teu corpo me convidaram
A algo atrapalhado dos teus movimentos,
A algo simples do teu imenso sorriso.
Tu me mostraste o instinto,
Eu te dei sonhos e fatos,
Foi assim que os astros que acreditas nos permitiram fazer.
Nem a tua fuga, nem a tua velocidade,
Nem a tua partida repentina, nem o dia que se passou,
Nem o rio, que por dois dias esteve abaixo de nós,
Impediram de plantar-me em estranha condição,
Em te esperar como quem ninguém tem
Ainda que cercado pela multidão.
Logo a fita que escorria pelo teu cabelo,
O teu vestido colorido
E a vergonha no rosto cansado de tanto humor
Fizeram meus olhos, firmes e racionais,
Se amansarem como o vento
Que repousa na madrugada
E se reacende na alvorada.
Perdendo o brilho, todo tomado por ti.
De repente minha terra se torna tua terra
E o céu que pintas é o mesmo que encomendo,
O mesmo que te planejo em qualquer noite.
Migras da praia ao frio pela nossa semente
E eu pago, ya habbib,
eu pago o preço.
Pago o preço da distância, ainda que momentânea,
Pago o preço dos quilômetros,
Pago o preço da terra imensa e do céu interminável
Porque perto de ti e dentro de nós tudo é suficiente e
válido.
Os meus lábios, corpo e pensamentos tornam tudo perto.
Teu carinho e dedicação tornam tudo fácil.
Com o peito apertado e a respiração paralisada
Dirijo-te os versos que a saudade me trouxe,
Que teus olhos e frases em algum momento me inspiraram.
A tua beleza,
A tua essência, sabor e sentido.
Os versos depositados
no teu aroma,
As luas borradas que tentei te dar
E as nossas mãos que permanecem atadas
Me fazem carregar-te
Não como quem te transporta,
Mas como o símbolo que me deixaste ao redor do pescoço:
Como um elo interminável.
-Paulinho Tamer
13/08/2013