quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

VeRde


O meu corpo observou e viu apenas os teus olhos
Claros e calados sob a luz calma do ambiente
Era meu corpo, cadeado, colado ao teu
E dançávamos ao ritmo dos lençóis suados

Eu habitei debaixo da tua pele
E por dias fui quadro pintado em tua íris
Fui acolhido por teu colo
Te dando meus braços como teu manto
Meus olhos baixaram no delírio das nossas horas juntos

Tua companhia, estado imune, me é fatal e fatalista
Eu morro a cada minuto que minhas mãos tocam a seda da tua pele
Eu morro a cada minuto que meus dedos tocam teu rosto
Eu morro a cada minuto que tua saliva ainda repousa em minha boca
Eu morro a cada minuto em que eu me permito viver.
És a completude da vida
Onde morro para estar constantemente nascendo.

As mãos aos poucos escorregaram
No suor das nossas tribulações
De repente, algoz do destino,
Fui violentado pelo mundo,
E foste-me arrancada, roubada, tirada, raptada, furtada, escondida,
Trancafiada na crueldade das armas
Enjaulada pela doença do egoísmo
Pela posse desnaturada, imatura e degenerada dos homens.

E o teu ballet vai sumindo dos meus olhos
Como a mansa nuvem que a minha infância um dia observou
Minha mágica caixa de música foi fechada
A bailarina foi escondida sob a sombra da insanidade

Sim, eu perdi.
Tudo me foi tirado dos olhos
Mas teus olhos continuam gravados no meu braço
E teu ritmo continua incessante em cada respiro.

-Paulinho Tamer
08/02/2013

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