Eu acordei daquele sonho
Imaginando por qual sono
Meu coração vagou pela noite que deixei pra trás
Um dia eu acordei sem saber se tudo estava igual
Não sabia ao certo o que jazera
Permaneci imóvel, agindo ao natural
E mais uma vez, em mim mesmo me perdera
Me perdi na corrente incessante e implacável de pensamentos
Me perdi no leviano imaginar de meus músculos moles
A percepção do mundo além de mim é sempre calma e paciente
A carne do coração aperta um pouco
Dificultando a respiração tranqüila
As mãos gélidas
Os pés escondidos em um lençol de vergonha e prazer
A lembrança ardendo em dor e alegria
A vida escapulindo entre meus dedos
O suor escorrendo da testa quente
O travesseiro duro
Perturbando a trama diabólica do sonho
Gritos do além carne
Tentando me fazer esquecer
Dos teus olhos claros e indiferentes
De uma noite de torpeza e prazer
Dos teus gestos absurdos e desnecessários
Que eu tanto prezo
Que naquela noite
Se transformaram na calma e no silêncio
Que me expurgaram à tua companhia
Que me abstraíram da tua pele vibrante
De inconcebível e orgânico sabor
A tua paciência
Calma
Serenidade
Realmente me tiram do sério
Pois, meu bem,
Eu preciso da tua revolta
Da tua mácula mundana
E do teu hálito de insatisfação
Pra que todo o resto permaneça calmo.
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