Eu te observo passar e falar
Vendo com teus olhos espelhados
Toda a dúvida dos homens
Dúvida que não portas
Que não te contamina
A tua certeza aumentando freqüências
De pensamentos
De batimentos
Vieste aqui
Me mostraste o real
E violentas minha inspiração
Como animal faminto
Justificando toda a presença do teu contraditório
Me fazendo derramar-me em papel sem pauta
E sem paradigmas
Enfraqueces toda hipocrisia
Vivificas todas as possibilidades de acerto
Mortificando o fracasso em tudo que tocas
És a máxima expressão de liberdade
Contradisseste toda a poesia já escrita
Subverteste o conceito de doçura
Transformando em perfeição
Toda a tua demonstração de rebeldia
Tu gritas na cara do viver
Agarrando a aventura pelos cabelos
Fazes a vida desejar morrer por alguns segundos
E viver assim como tu vives em mim
Entre as notas
O tal do silencio entre sons
És o impropério gracioso
A falência aterradora dos poetas
O pântano tentador do paraíso
Absorvendo para ti
Toda a minha inspiração pelo real
Toda a minha poética antes sufocada pelo utópico
E agora transformada na tradução do que tento te definir:
Perfeição irônica e indefinível.