terça-feira, 10 de maio de 2011

Chuva

A chuva derrama sua lagrima diária

Compelindo o mundo a chorar com ela

Lavando a rua dos sangues escusos e espúrios


A tempestade arrasta com o vento

Os nomes prostituídos deixados a beira pista

Levando consigo todos os lamentos da pobreza


Ah, quem me dera a chuva lavasse meus olhos

Pra não ter necessidade da lágrima resoluta

Quem dera a chuva limpasse meu rosto

Da feição feliz e resignada de saudade


Quem dera a tempestade

Arrastasse consigo as lamúrias do meu peito

Ardente em vontade

Sereno em amor


Que o vento emasculasse meus sentidos

Ou pelo menos os sentimentos

Por um dia, uma hora, uma semana

Poupando-me da distância

Das léguas

Dos quilômetros


Assim vivo eu

Assim vive meu poeta

Pela primeira vez

Mesclados em um único corpo

Hospedeiros de um mesmo amor

Vítimas e autores de um mesmo delito

Misturando ego e eulírico

Numa uniforme paixão por teus olhos


Assim vivo eu

Assim vive meu poeta

Feito índios dançando à chuva

Como ciganos migrando em direção a tua beleza

Como balonistas

Implorando ao vento sua misericórdia

De levar-nos ao teu encontro

Que nos permita de bocas abertas à tempestade

Provar tua saliva que irrompe em luz pelo espaço que nos separa.


Tua palavra

Tua vida

Tua luz

São as causas pelas quais pecamos

São os motivos pelos quais somos criminosos

São o caminho por onde juramos um dia não passar.


Nosso maior crime

Nosso maior pecado

Nossa maior infâmia

E nossa maior sorte

Foi amar-te como um só.

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