sábado, 15 de janeiro de 2011

Lua de jaspe


Uma noite fria e nebulosa

Turvando um céu que se escondia

Em ondas de massa roxa e ingrata

Surpreende mãos que se tocam por afinidade


O ócio verídico e poético

Me fez escancarar-me em palavras

Tão pouco importantes ao mundo

Tão íntimas a mim


Eu sou amante e fascinado

Pelo que o homem entende por liberdade

Talvez porque a minha vida inteira

Tenha sido uma luta para alcançá-la


Eu mostrei a minha jaula

A minha cela

Aquilo que me afeta

Me prende

Me cerceia a capacidade


Tens a mística dos astros

Que há muito desacreditava

És parte do delírio massificado

Que torna-se realidade


É, lua de jaspe

A tua centelha de verde esperança

Realça o sentido de uma vida de tormento

És a rosa que sai em lugar do feto

Parindo toda a insensatez lógica

Que me salta os olhos


Em dado momento

Agrides o inconformismo filosófico

Com tuas palavras simples e diretas

Com teu deleite de cotidiano


És um astro

Sem dúvida, noturno

Daqueles que exalam sua mística

No momento em que os olhos pouco podem

Quando a paixão caminha pela noite das alcovas


Poucos te entenderiam tão bem quanto eu

Palpariam teus sentidos e tua emoção


És incompreendida pelos seres humanos normais

Pois representas a hipérbole das inspirações

A completude das linhas poéticas da vida

Aquilo que só pode ser explicado pelos sentidos

Que aleija as palavras

E emudece os versos


O essencialismo da tua presença

É comparável com a dor da verdade

Que arromba a vida mansa

Que empurra à porta estreita

Toda a corpulenta ilusão confortável


És a composição perfeita

Da sensação embriagada da emoção

Do multiforme estado físico e místico dos astros.


Ah, meu bem

Aqueles que te vêem e não te compreendem

Vivem na eterna náusea de não tocar a perfeição

De não alcançar a capital do céu.

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