Uma noite fria e nebulosa
Turvando um céu que se escondia
Em ondas de massa roxa e ingrata
Surpreende mãos que se tocam por afinidade
O ócio verídico e poético
Me fez escancarar-me em palavras
Tão pouco importantes ao mundo
Tão íntimas a mim
Eu sou amante e fascinado
Pelo que o homem entende por liberdade
Talvez porque a minha vida inteira
Tenha sido uma luta para alcançá-la
Eu mostrei a minha jaula
A minha cela
Aquilo que me afeta
Me prende
Me cerceia a capacidade
Tens a mística dos astros
Que há muito desacreditava
És parte do delírio massificado
Que torna-se realidade
É, lua de jaspe
A tua centelha de verde esperança
Realça o sentido de uma vida de tormento
És a rosa que sai em lugar do feto
Parindo toda a insensatez lógica
Que me salta os olhos
Em dado momento
Agrides o inconformismo filosófico
Com tuas palavras simples e diretas
Com teu deleite de cotidiano
És um astro
Sem dúvida, noturno
Daqueles que exalam sua mística
No momento em que os olhos pouco podem
Quando a paixão caminha pela noite das alcovas
Poucos te entenderiam tão bem quanto eu
Palpariam teus sentidos e tua emoção
És incompreendida pelos seres humanos normais
Pois representas a hipérbole das inspirações
A completude das linhas poéticas da vida
Aquilo que só pode ser explicado pelos sentidos
Que aleija as palavras
E emudece os versos
O essencialismo da tua presença
É comparável com a dor da verdade
Que arromba a vida mansa
Que empurra à porta estreita
Toda a corpulenta ilusão confortável
És a composição perfeita
Da sensação embriagada da emoção
Do multiforme estado físico e místico dos astros.
Ah, meu bem
Aqueles que te vêem e não te compreendem
Vivem na eterna náusea de não tocar a perfeição
De não alcançar a capital do céu.
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