terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A falta da pele

Os versos mentirosos contaram ser a tristeza coisa triste

Mal sabia os poetas charlatões

Que a saudade é tristeza pior que a tristeza

É mal pior que a doença


Me assombras a falta de forma peculiar

Em um aperto no ventre

Em um pensamento pragmático

E um delírio das razões


Benzinho, as noites sem ti nem noite são

Me fazes falta o toque

O olho

A mente

A maneira

E o beijo


As noites sem ti são, no máximo, só noites

Sem tantas alegrias

Com quase nenhuma vontade.

Despidas de desejo

E pobres de festa


A saudade é bactéria

Contamina-me de tristeza

De vontade do que não posso

De saudade das tuas posses

Das tuas ordens

Das tuas vontades fúteis de segurar minha mão


Eu mal consigo pensar

Sou ralo em inspirações

Raso em poesia

És o fermento da minha criatividade

Os versos que componho em pura exaltação do amor


És o amor em si

Por isso amo o amor

És a presença

Por isso não vivo sem está


És meu infinito que busca o seu começo

És um começo já dado, mas que pressente a sua verdadeira largada

Começaste breve, em oito dias

Retumbaste grave em um ano

E reverberarás por toda a minha vida.

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